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Lição de governar
Rodolfo de Souza
22/06/2023 | 11:39
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O Planalto articula com este, não se entende com aquele, libera grossa verba para contemplar emendas... Corre para cá, corre para lá... Conversa, insiste, argumenta... Exaure suas forças em prol de um ideal democrático. Acontece que precisa buscar uma forma de executar seus planos que, segundo ele, visam tão somente o bem do povo. As verbas, aliás, servem para amaciar a fala daquele que dará o voto e se mostra contrário a tudo o que vem do Executivo ora no comando. Mesmo porque, boa parte da Câmara, que também é governo, defende seus interesses, que nem sempre estão alinhados com os da população que os elege.

Não falamos aqui de adversários políticos os atores, objeto desta prosa. São, na verdade, inimigos, uma vez que fazem da chantagem moeda de troca para se aprovar este ou aquele projeto governamental.

É assim que funciona, afinal, uma democracia. Se o Executivo pudesse contar com número suficiente de parlamentares que apoiasse suas medidas, tudo seria mais fácil. Entretanto, o mesmo povo que elegeu o atual presidente, elegeu também os congressistas contrários às suas ideias. Daí a necessidade de se costurar acordos com variados partidos a fim de se conseguir a aprovação de projetos que, a rigor, não interessam a parcela considerável da Câmara, aquela que normalmente legisla em causa própria. 

E é bom que se saiba que esse apoio não fica barato, e distribuição de cargos nos vários escalões é exigida pelos partidos de oposição que combinaram formar base com o governo e agora cobram com juros extorsivos pelo seu valioso trabalho. Destaque para o olho grande em cima dos ministérios com maior orçamento. Saúde é sem dúvida o mais cobiçado.

De fato onde há poder, luta-se com unhas e dentes pelo enriquecimento, mesmo que para isso seja preciso atropelar os escrúpulos. Considerando, claro, que escrúpulo é mercadoria há muito tempo em falta na prateleira de gente que dita as regras nos bastidores do Congresso. Exemplo disso é a matéria que vi, ainda agora no noticiário, denunciando deputados comprados a peso de ouro por ruralistas proprietários de terras em áreas indígenas. Não aceitam, estes últimos, devolver territórios que pertenciam aos povos originários bem antes da chegada de Cabral, cá por estas paragens. 

Logicamente que o marco que determina a devolução da propriedade indígena não deve ser aprovado, no parecer dessa gente. Pessoas que possuem muita grana, tanta que se vivessem mil anos não conseguiriam gastá-la. Mas sua fome pelo vil metal não tem limites, é maior do que qualquer princípio moral e ético. E é justamente para conseguir poder de manipulação junto àqueles que fazem as leis é que não poupam esforços quando o assunto é financiar políticos em suas campanhas ou depois delas. No primeiro caso, são candidatos que, uma vez eleitos, trabalham com afinco para aprovar tudo o que venha a favorecer o seu financiador. No segundo, também, ora! 

É assim, pois, que funciona o sistema. De outro lado, políticos sérios fazem malabarismos para conseguir levar a cabo o seu projeto de trabalhar para o povo que os elege e também para aqueles que foram contrários à sua eleição. Mas como é difícil




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