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Ford completa 95 anos no Brasil e se mostra confiante

Com sede em S.Bernardo, montadora admite
capacidade ociosa, mas comemora veículos globais

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
24/04/2014 | 07:27
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Celso Luiz/DGABC


Primeira montadora a se instalar no País, a Ford completa hoje 95 anos no Brasil. Para a companhia, com sede em São Bernardo, no aniversário deste ano o momento é de cautela, por causa do cenário do setor industrial – com estoques elevados e consumo retraído –, mas a fabricante segue confiante em relação às perspectivas futuras, segundo o vice-presidente da Ford Brasil, Rogelio Golfarb. “O País é o quarto maior mercado do mundo, e os nossos investimentos estão nessa visão mais de longo prazo. Entendemos que o setor automotivo é de performance cíclica, tivemos ciclo de alta e agora passamos por ajustes, mas vai continuar crescendo e, por isso, estamos investindo em produtos globais no Brasil e em novas tecnologias.”

Golfarb avalia que, neste ano, há motivos de preocupação, já que o ramo automobilístico deverá ter retração de vendas no mercado doméstico, na comparação com 2013. Além disso, a indústria opera com alta capacidade ociosa, de 34%, percentual que deve crescer até 2016, podendo chegar a 40%. “Muita capacidade foi decidida lá atrás (há alguns anos) e está se materializando no momento em que o mercado não está aquecido”, observa.

Esse é um dos desafios, destaca Golfarb. “A capacidade ociosa é custo, é investimento que não dá retorno. A pressão nas margens (de lucro) é muito grande, também porque os custos estão subindo”, diz. Segundo o vice-presidente, a companhia tem procurado analisar o cenário econômico e do setor, e manter postura cautelosa, seja com aumento de capacidade ou com controle de estoques.

Outro desafio é imposto pelo programa Inovar-Auto, do governo federal, que estabelece requisitos de conteúdo local (compras de peças no País) e metas de eficiência energética (redução na emissão de poluentes) até 2017. “Há a dificuldade financeira gerada pela aumento de custos e capacidade ociosa, e existe grande necessidade de investimento”. Por outro lado, Golfarb ressalta que esse é um regime importante, já que parte dele tem foco em desenvolvimento de tecnologia local. “E nesse quesito a Ford está bem, porque essa foi opção que fizemos”, diz.

A montadora, que terá neste ano 100% dos veículos globais no Brasil – a meta inicial era atingir esse percentual em 2015 – há tempos tem optado por ter engenharia nacional. A companhia tem, em seus quadros, 1.200 engenheiros de produtos, e o executivo destaca várias inovações na história no País: a companhia foi a primeira a fazer picape, e a ter um automóvel global, o Escort, em 1983; a ter carro com injeção direta com etanol e a lançar utilitário compacto esportivo produzido no Brasil, o EcoSport.

Parte dessa história foi acompanhada de perto pelo gerente de relações com a imprensa, Célio Galvão, que completa em maio 36 anos de empresa. “Comecei em 1978, durante o lançamento do Corcel 2”, lembra. Ele assinala que várias fases da montadora tiveram sua importância, entre elas o período de parceria com a Volkswagen no Brasil, na holding Autolatina, entre 1987 e 1995, que foi uma das maiores empresas automotivas do mundo, chegando a ter 70 mil funcionários. Ele destaca ainda que é um orgulho fazer parte da família Ford, que conta hoje com cerca de 4.200 profissionais em São Bernardo.
 




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