Esportes Titulo Entrevista
Adhemar reitera
desejo de
comandar Azulão
Por Thiago Bassan
Do Diário do Grande ABC
14/04/2014 | 10:13
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Andréa Iseki/24.08.2006/DGABC


A camisa 18 está eternizada na história do São Caetano. Maior artilheiro da história do Azulão com 68 gols, Adhemar Ferreira de Camargo Neto, ou simplesmente Adhemar, foi por quase uma década o ídolo da torcida azulina, craque de uma geração que encantou o País no início dos anos 2000, mesmo sem nunca ter levantado a taça de campeão.

O ex-jogador relembra do período em que brilhou pelo clube, os motivos que levaram à equipe a perder dois títulos seguidos (Copa João Havelange de 2000 e Campeonato Brasileiro de 2001), além de revelar um desejo pessoal: ser presidente do clube que o consagrou no futebol nacional. Adhemar também critica a atual diretoria, o presidente Nairo Ferreira de Souza e diz que atualmente, o jogador de futebol não tem poder algum para tomar as decisões que considera ideal.

DIÁRIO – Como foi sua chegada ao São Caetano?

ADHEMAR – Eu tinha receio de jogar no São Caetano, porque quando recebi o convite do Luis Pereira (ex-jogador e ex-diretor do Azulão), o time brigava para não cair da Série A-3 para a (antiga) B-1 do Campeonato Paulista. Relutei, mas o Pereira e o Molina (antigo diretor de futebol) foram convincentes com o projeto que tinham e isso me fez aceitar o convite em dezembro de 1996. O time estava em formação. O César (ex-lateral esquerdo), tinha acabado de fazer o teste. Começamos a montar a espinha dorsal com o Fedato, técnico da época. Não subimos em 1997, mas fui o artilheiro da A-3.

DIÁRIO – Porque o São Caetano teve tanto sucesso nesse período?

ADHEMAR – Por causa da organização. A diretoria tinha pessoas muito capacitadas. Jogamos a final da (Série) A-3 contra o Taubaté e os dirigentes da época foram até o hotel dar aquela força. “Vamos entrar para uma decisão. Aqui não é time de padaria. Vocês vão receber ganhando ou perdendo, mas é obrigação trazer esse título”, diziam. Fomos campeões porque o time tinha respaldo, pessoas que davam tranquilidade aos jogadores.

DIÁRIO – Quais as principais diferenças do futebol daquela época para os tempos atuais?

ADHEMAR – Hoje o jovem faz contrato e pode ganhar muito dinheiro com a negociação. No próprio São Caetano atualmente tem jogadores que estão contentes com o salário, mas não tem planos, sonhos. Eles querem manter o padrão ao invés de usar o clube como ponte. Eu queria sair do São Caetano para uma equipe maior, assim como aconteceu com a maioria. Os jogadores faziam daquilo um planejamento, não apenas cumprir contrato.

DIÁRIO – O São Caetano merecia o título título da Copa João Havelange perdido para o Vasco no ano 2000?

ADHEMAR – É difícil analisar. A gente tinha todas condições de ser campeão mesmo em São Januário. Estávamos melhores na partida e queríamos que aquele jogo terminasse. Infelizmente houve aquela fatalidade (as arquibancadas do estádio cederam por causa do excesso de torcedores). Fomos jogar em 2001 sem a menor condição. Voltamos a treinar três dias antes da partida, eu já estava acertado com o Stuttgart (da Alemanha), outros atletas também já haviam definido o futuro anteriormente.

DIÁRIO – E em 2001, o que faltou para conquistar o título brasileiro contra o Atlético-PR?

ADHEMAR – A primeira partida foi o fator decisivo. Estávamos ganhando na Arena da Baixada e sofremos a virada. Depois para reverter em gramado molhado era difícil. Faltou experiência. Em casa, no segundo jogo, poderíamos ter vencido.

DIÁRIO – Você ainda pretende voltar ao futebol?

ADHEMAR – Tenho essa meta. Quero aprender sobre a função de dirigente, dentro do departamento de futebol, como eu poderia colaborar. Hoje, o jogador chega no clube, mas não tem pulso. Ele sabe apenas o que vai ganhar, o apartamento onde vai morar e acabou. Pega a história do São Caetano. Um time que teve Claudecir, Adãozinho, todo mundo era cobrado. Hoje é diferente.

DIÁRIO – Recentemente, você disse que gostaria de ser presidente do Azulão. Ainda mantém essa vontade?

ADHEMAR – Gostaria. Mas o clube não dá abertura. O presidente (Nairo Ferreira de Souza) disse que não existe fórmula secreta, se eu tivesse um planejamento, ele aceitaria. Se eu tivesse essa fórmula, estaria milionário. Hoje em dia ninguém consegue ter identidade com o clube. Eu, Dininho, Daniel, ficamos no time de 1997 até 2004. Se aparecer a chance de trabalhar com cargo remunerado, mudo para São Caetano na hora. Não sei como estão outros ex-atletas, mas será que não poderiam abrir as portas para o Silvio Luiz, por exemplo?

DIÁRIO – Como é seu relacionamento com a diretoria atual?

ADHEMAR – Hoje existe um grupo forte que comanda o clube e não precisa correr atrás de dinheiro. Nessas condições, em que você não precisa bater na porta do empresário para pedir vaquinha, fica fácil. O clube paga em dia. Numa situação dessas, se ele (Nairo) sair hoje, amanhã estou lá. Ele é ótimo presidente. Mas não foi jogador. Na Europa, a maior parte dos dirigentes são ex-jogadores.




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