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Mulheres são mais da metade da população indígena na região

Diferentemente do cenário nacional, pessoas acima de 30 anos são maioria entre os povos originários no Grande ABC, enquanto no País jovens predominam

Thainá Lana
05/05/2024 | 07:01
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Celso Luiz/DGABC


 Dos 3.031 indígenas que vivem nos municípios do Grande ABC, mais da metade, ou 54,9%, são mulheres. No total, a parcela feminina entre os povos originários soma 1.665 pessoas, enquanto os homens são 1.366, segundo informações divulgadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes ao Censo Demográfico 2022. 

De acordo com os resultados do levantamento, o perfil populacional da região é mais velho que o indicado no País. A maioria dos indígenas do Grande ABC tem mais de 30 anos, com 2.069 pessoas ao todo. Apenas 31,7%, ou 962 indivíduos, estão entre os mais jovens com menos de 30 anos. 

Já no Brasil, 56,1% dos indígenas têm menos de 30 anos, enquanto a população residente do País tem 42% nessa faixa-etária. A idade mediana, que é um indicador que divide um grupo entre os 50% mais jovens e os 50% mais velhos, foi de 25 anos para os indígenas e de 35 para a população brasileira como um todo.

A faixa-etária predominante entre os povos originários que vivem na região é de 40 a 44 anos, com 303 pessoas. A população geral segue a tendência, e a maioria dos moradores, 230.568 residentes, estão na mesma faixa. 

Nos sete municípios, pelo menos uma parcela da população se autodeclarou indígena. São Bernardo concentra a maioria, com 42,8% e 1.300 pessoas no total. Segundo o estudo demográfico, a cidade também é a única do Grande ABC com indígenas vivendo em territórios demarcados. 

No município são-bernardense, além dos indígenas que vivem em área urbana, há os que residem em três aldeias (Tekoa), Guyrapaju, Kuaray Rexakã (Brilho do Sol) e a mais jovem, a Nhamandu Mirim, localizadas no bairro Curucutu, no pós-balsa. 

Em novembro de 2022, o Diário acompanhou o recenseamento na aldeia Brilho do Sol – Kuaray Rexakã. Foi a primeira vez que profissionais do instituto realizaram a pesquisa censitária nas aldeias de São Bernardo. Isso porque a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) reconheceu a Terra Tenondé Porã apenas em 2016. Antes disso, até o Censo de 2010, os questionários foram aplicados somente com a população indígena em contexto urbano, que vive nas cidades com os não indígenas. 

PIRÂMIDE ETÁRIA 

A pirâmide etária da população indígena residente no Brasil apresenta um formato triangular, típico de uma população mais jovem, caracterizando-se por uma base mais larga do que a da população total até o grupo de 20 a 24 anos de idade.

Em relação às pirâmides etárias da população residente dentro de Terras Indígenas, a estrutura etária é mais jovem e tem um perfil mais masculino até os 74 anos, quando comparado com a população indígena residindo fora desses territórios, que assume um perfil mais feminino a partir dos 15 anos de idade, segundo análise do IBGE. 

Conforme explicou a responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do instituto, Marta Antunes, é possível identificar uma diferença de perfil da população indígena dependendo da localização do território. “Quando falamos da população residente dentro das terras indígenas, temos uma pirâmide bem triangular, com uma base mais ampla. Isso nos mostra que dentro das terras nós temos uma população extremamente jovem, com alta fecundidade, o que mostra uma capacidade de reposição e crescimento desse grupo”, destaca ela.

Considerando o cenário regional, a observação da pesquisadora do IBGE reflete a realidade encontrada no Grande ABC, pois apenas 4,4% dos povos originários vivem em terras indígenas – os demais estão localizados em áreas urbanas. Ou seja, fora desses territórios, a população indígena é mais velha devido à baixa taxa de fecundidade das mulheres. 

MAIS SOBRE A PESQUISA

Além dos povos originários, o Censo 2022 também divulgou os resultados de idade e sexo referente aos povos quilombolas. Essas populações possuem perfil mais jovem do que o observado no total do Brasil. Das 1,3 milhão de pessoas quilombolas, cerca de 24,7% tinham de 15 a 29 anos de idade em 2022, grupo de idade predominante. 

Nos territórios quilombolas, a presença dos homens ocorre em proporção bem mais elevada do que a média geral do País. De acordo com o levantamento, o Brasil possui 94,25 homens para cada 100 mulheres. Mas quando se observa o recorte apenas da população quilombola, há 100,08 homens para cada 100 mulheres. 

É a primeira vez que um Censo Demográfico trouxe dados específicos sobre essa população. Os resultados gerais divulgados pelo IBGE no ano passado revelaram a existência de 1.330.186 quilombolas, o que representa 0,66% de todos os residentes no País. 

No Grande ABC não foram registrados quilombolas em nenhum dos sete municípios. 




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