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Obras de viaduto estaiado geram bronca de comerciantes em São Bernardo

Trabalhadores pedem explicações sobre quando acesso para Avenida Robert Kennedy será liberado, além de cobrar melhor sinalização nas vias

Renan Soares
25/04/2024 | 08:05
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FOTO: André Henriques/DGABC


Atualizada às 10h54

As obras do novo viaduto estaiado de São Bernardo têm causado dor de cabeça e prejuízo aos comerciantes da Avenida Robert Kennedy, que reclamam do bloqueio feito na Avenida Piraporinha para o andamento das intervenções. Os trabalhadores pedem explicações aos responsáveis sobre quando a entrada será liberada, além de melhor sinalização para indicar que os comércios estão abertos e que há outras formas de acessá-los. 

Segundo Tamiris Souza Pedreschi, 32 anos, a promessa era de abrir o acesso em no máximo dez dias, o que não se concretizou. Ela aponta que após o avanço das obras, os principais caminhos para os comércios da rua foram bloqueados, não tendo no entorno placas de sinalização que indiquem outras formas de chegar aos locais. “Está muito difícil, não sabemos até quando vai essa obra. Toda hora temos ido até o canteiro para perguntar e ninguém vem ajudar.” De acordo com a comerciante, gerente em uma oficina mecânica na avenida, o movimento caiu cerca de 90%, sendo que os remanescentes são clientes de longa data. 

A queda na clientela também é a realidade de Célia Regina Buriola Teixeira, 57, vendedora de salgados em um food truck na via. Ela revela que costumava fazer 150 unidades por dia, volume que caiu para 70 em dias bons. Ela afirma que a situação piorou ainda mais após a retirada de uma das pontes que dava acesso ao local.

“Com a ponte aqui os clientes vinham almoçar, mas agora não mais. Com uma hora de almoço é muito difícil dar essa volta. Com o bloqueio nem carros passam mais por aqui. Antes tinha lugar para parar e agora não tem por causa da redução das faixas,” revela a comerciante. “Estamos deixando de fazer muita coisa para dar conta até a obra acabar. Vendi meu carro para me livrar de impostos, por exemplo,” diz Célia. 

Proprietário de um bar, Iraildo Gomes, 54, afirma que o comércio está “morrendo aos pouquinhos” com a falta de acessos e sinalização. Há 17 anos no espaço, o comerciante revela que está próximo de quebrar após a queda de 60% no número de clientes, tendo que demitir duas funcionárias após o início dos bloqueios. “Do jeito que está hoje, até para pagar contas está difícil. As de luz e água estão em atraso. Estamos nos arrastando e não temos o que fazer,” reclama ele.

Um dos comerciantes mais antigos do espaço, Gilberto Fagundes Flores, 70, é borracheiro há 32 anos, e também não vê perspectiva de melhora para seu comércio. Para ele, houve falha no planejamento em relação aos comerciantes, já que em decorrência dos bloqueios e dos congestionamentos na área, muitos motoristas evitam o local. “Estou para sair daqui, porque assim não dá nem para pagar o aluguel. Já acabou minha ‘gordura’”, destaca o borracheiro.

Atualização: Segundo os comerciantes, o último bloqueio realizado na via, que durou cerca de dez dias de prejuízo, foi aberto.

OBRAS

O viaduto estaiado vai passar por cima da Avenida Piraporinha, com promessa de ser entregue neste ano. Serão duas pontes, com 400 metros de extensão e duas faixas de rolamento em cada sentido, que ligarão a Avenida Robert Kennedy à futura Avenida Marginal Ribeirão dos Couros, no bairro Jordanópolis, que irá conectar a Avenida Piraporinha, na divisa com Diadema, até o Corredor ABD. Segundo a Prefeitura de São Bernardo, as obras foram orçadas em R$ 133,3 milhões e contam com aporte do município e do governo do Estado. 

A Prefeitura de São Bernardo não retomou os questionamentos do Diário sobre os bloqueios e novas sinalizações de acesso na avenida.

CUSTO DA CONSTRUÇÃO AUMENTA 25% 

Anunciado em junho de 2022 com prazo de 24 meses, o custo da construção do Viaduto Estaiado Robert Kennedy apresentou alta desde o início do projeto. Gerenciada pela Prefeitura de São Bernardo em parceria com o governo estadual, a intervenção está com índice de execução de 53,40% e representa um investimento atualizado de R$ 176 milhões, valor acima do orçado em 2022, de R$ 133,3 milhões. Um incremento de quase 25%.

O investimento estadual continuará a ser de R$ 120 milhões, mas a contrapartida da Prefeitura são-bernardense aumentou, já que o valor, no começo da intervenção, era de apenas R$ 13,3 milhões. A principal função do elevado é servir de ligação direta entre os corredores Robert Kennedy, Couros e 31 de Março, interligando os bairros da região do Grande Alvarenga aos da Paulicéia, Taboão e Rudge Ramos.

Os recursos estaduais são transferidos gradualmente conforme o andamento dos trabalhos, sendo que até o momento já foram repassados R$ 33 milhões. No último dia 16, após uma visita técnica, o serviço de engenharia aprovou a liberação da parcela subsequente no valor de R$ 20 milhões, totalizando R$ 53 milhões repassados pelo Estado.

Segundo nota do governo estadual, a Prefeitura é responsável pela contratação e execução das obras, sendo que o Estado repassa os recursos à medida que os trabalhos avançam. Já o Paço não retomou os questionamentos sobre o aumento do valor.




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