Cotidiano Titulo
Uma palavrinha, por favor!
Rodolfo de Souza
28/09/2023 | 07:00
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Quando o figurão deixa o hotel, o alvoroço é enorme e o corre-corre, geral. Todos querem fotografá-lo, ouvir dele a resposta para suas perguntas ou de pergunta qualquer lançada ao ar por algum repórter ávido por um furo. O mesmo que, por estar mais próximo, privilégio de poucos, recebe uma palavra, aquela que é apanhada pelos outros, como se apanha uma bola em pleno voo.

Acotovelam-se também quando o acusado de renome deixa o local onde acabara de prestar depoimento. É escândalo que não se pode desprezar e que, por certo, há de render muita repercussão e consequente acalento para o coração do diretor. 

O repórter cinematográfico, companheiro inseparável, se desloca, então, o mais rápido que pode. Afinal, a melhor imagem deve ser captada para engrossar o caldo e dar-lhe sustância. E, sempre carregando o equipamento, corre o sujeito para cá e para lá. Ofegante, ele deve se preocupar com a robustez das imagens e ainda zelar pela parafernália de gravação, sempre tão sensível e cara.

É mesmo assim, afinal, a cobertura de evento que reúne gente famosa, seja lá quem for, seja lá qual for o lugar e também o acontecimento: uma festa, uma tragédia, crime, política, barraco... Em qualquer caso, figuram celebridades que devem comparecer com a sua fala para que a sociedade se mantenha a par de tudo o que ocorre no país e no mundo.

E o repórter é isso, o profissional incansável que procura reforçar o que é noticiado, buscando os seus contatos e investigando os fatos apurados, para então divulgá-los, talvez até em primeira mão. Mesmo porque, é necessário averiguar a veracidade do que acaba de ouvir, afinal, publicar um acontecimento sem antes checar a sua autenticidade pode resultar em um belíssimo ferimento a bala no próprio pé. 

O repórter também está sempre sujeito às intempéries provenientes do clima e também do humor de quem é assediado pelo exército de soldados da informação, representantes de um se fim de veículos daqui e de acolá. Empresas que se esmeram no afã de revelar a verdade dos fatos. Apesar de que, diga-se de passagem, alguns conteúdos, também publicados por elas, visam somente desinformar as pessoas sem um fiapo de discernimento, e que, portanto, seguem os rumos ditados por poucos, segundo os seus interesses. Falo de gente graúda que exerce influência muito grande nos meios de comunicação que, com alguma frequência, exercita tal prática.

Mesmo assim, cabe a este cronista tirar o chapéu para o repórter que persegue a informação onde quer que esteja, e quase sempre o faz com o gravador na cara da celebridade para que a sua voz, melhor do que qualquer outra, possa levar algum esclarecimento ao público.

Destaque para os profissionais que ainda atuam em desastres, cataclismos naturais, guerras, golpes de estado...

Aliás, por falar em tomada de poder na marra, lembro-me de ter visto, ainda muito jovem, uma cena dramática em que o cinegrafista filma a própria morte num dos vários golpes deflagrados contra um governo legítimo nesta sofrida América que, a despeito de sua origem latina, é também América, e cheia do que noticiar.




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