Faz poucos dias que a OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou a atualização das diretrizes sobre o consumo de gorduras e carboidratos no planejamento de uma dieta saudável. Norteadas por evidências científicas atuais, as orientações pretendem auxiliar na proteção contra a obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.

A ingestão de gorduras deve limitar-se a 30% do total calórico diário, enquanto apenas 10% desse aporte deva ser de gorduras saturadas, tais quais aquelas presentes em laticínios e carnes vermelhas, sendo preconizado que o restante seja proveniente de gorduras vegetais insaturadas, presentes abundantemente no azeite de oliva, castanhas e peixes. 

Os carboidratos devem compor a dieta em até 55%, priorizando fontes ricas em fibras dietéticas naturais, como ocorre nos grãos integrais, leguminosas e frutas, evitando os farináceos refinados, enquanto o açúcar adicionado deve compor no máximo em 10% do conteúdo calórico total.

A orientação para o consumo de 400 gramas de vegetais e 25 gramas de fibras dietéticas por adulto diariamente pode ser compreendida como validação das observações supracitadas.

Muito embora nenhuma novidade substancial tenha sido encaminhada nesta releitura de normas alimentares da OMS, por aqui já bem elucidadas no Guia Alimentar para a População Brasileira, faz bem registrar continuamente que alimentação saudável não contempla alimentos ultraprocessados, assim como, açúcar e farináceos refinados devam ser vistos com desconfiança pelos pretendentes ao bem-estar orgânico.

Porém, faz-se necessário anotar, que perto de metade da população brasileira, aquela que detém risível 0,8% da renda nacional, é composta por famílias com média de três integrantes, as quais custeiam suas sobrevivências com menos de dois salários-mínimos por mês. 

Então, ao menos para cem milhões de brasileiros, as corretíssimas diretrizes alimentares não são desobedecidas, mas sim, impossibilitadas, pelos bolsos!