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Mobilidade urbana na cidade de Diadema
Luis Felipe Xavier
06/02/2023 | 09:22
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Em nota técnica na 24ª Carta de Conjuntura da USCS, tratamos de aprofundar o conhecimento territorial do Grande ABC. Através de uma ação na disciplina de Mobilidade Urbana da USCS, no Curso de Arquitetura e Urbanismo, observamos as rotas principais de deslocamento nos diferentes modais de mobilidade existentes na cidade de Diadema, constatando a inexistência de rede cicloviária integrada à rede de transporte público, a distribuição e caracterização do espaço intra-urbano bem como o deslocamento de pessoas – na mobilidade pendular e no consumos de bens e serviços de uso comum. A íntegra da nota, que foi escrita em parceria com alunos do curso, pode ser acessada em https://www.uscs.edu.br/noticias/cartasconjuscs.

Na parte 1 do trabalho, verificamos a forma como as políticas e serviços públicos se distribuem no espaço territorial do município de Diadema; deficiência no acesso ao centro e ao emprego bem como a possibilidade de se conectar com outros municípios adjacentes, característico pelo tempo de deslocamento perdido (produção de deseconomia) para se fazer as tarefas do dia-a-dia. A existência de um serviço público e de uma rede de mobilidade define o padrão de qualidade de vida que um determinado público de uma região possa ter.

Na etapa 2, objetivamos a integração do diagnóstico e do plano cicloviário, para elaboração de um plano cicloviário do município de Diadema, através de uma proposta de rota cicloviária que perpasse toda área territorial do município, cobrindo as lacunas existentes do transporte público, integrando-a: à rede de transporte público; aos terminais intermodais; aos espaços públicos (praça, parques, equipamentos de Educação, Cultura, Lazer e Saúde) existentes; aos assentamentos precários; aos municípios adjacentes.

Na fase 3, foram selecionados cinco trechos com três quadras (vulnerabilidade territorial e/ou gargalos) para o desenvolvimento de uma proposta de uma rua completa com infraestrutura verde, analisando os pontos de conflito e de integração entre a rota cicloviária proposta pelas equipes e o território estudado. A inadequação constatada na mobilidade de pedestres, ciclistas e no transporte público afeta a comunicação e acaba também acarretando fragilidades socioambientais no território segregado espacialmente.

Na etapa 4, foi realizado um aprofundamento do diagnóstico das três quadras escolhidas, com a identificação do uso do solo do térreo (existente) relacionado ao fluxo de pedestre existente. Foram observadas discrepâncias na forma como o espaço público foi apropriado em todos os trechos analisados, independente das atividades realizadas e dos usos específicos.

Na fase 5, foi elaborada uma proposta de rua completa com infraestrutura verde no trecho de três quadras que contemplasse uma rota cicloviária (ciclovia, ciclofaixa e passeio compartilhado) observando a integração das áreas de uso comum (espaços livres, áreas verdes e espaços construídos) de forma a qualificar o espaço urbano, melhorando as condições de conforto ambiental do local, a fruição pública e apropriação do espaço urbano.

Em todos os casos verificamos quão perto estamos de usufruir de um padrão melhor de qualidade de vida a partir da forma como podemos intervir no espaço urbano, que permite que novas ações e atividades possam ser desenvolvidas nos espaços públicos com a mobilidade e a dimensão social na centralidade das ações que articulam todas as esferas públicas e privadas que desempenham suas funções no dia-a-dia, para que (sobretudo) o salário não seja comprometido de forma indireta bem como o tempo de vida útil das pessoas dispensados diariamente nos grandes deslocamentos realizados.

Através da implantação de uma rota cicloviária é possível reativar a cultura pública para que os conflitos sociais sejam reduzidos drasticamente e, quiçá, eliminados através de políticas públicas que visem o BEM COMUM - a chave que precisamos pra superar este modelo falido, de reprodução de desigualdades socio territoriais.

Ao articular diferentes formas de fruição pública, através da qualificação do sistema viário, melhorando as conexões entre os modais (pedestre, Ciclorotas e transporte público) e os espaços e equipamentos públicos ficam evidenciados como podemos melhorar a apropriação e utilização dos espaços. Ao qualificar a apropriação dos espaços se elevam os níveis de participação da sociedade para que outras formas de planejamento insurgentes como este trabalhado de forma participativa sejam colocadas como formas concretas de análise e proposição de espaços mais democráticos – onde todos sejam convidados para a ceia!

Esta coluna foi escrita por Luis Felipe Xavier, mestre em Planejamento Urbano e Regional, docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da USCS e Pesquisador do Observatório Conjuscs.




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