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Inovação tecnológica e desafios paulistas
Ana Carolina Davanço
Luiz Cláudio Marcolino
09/12/2022 | 13:57
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Em nota técnica que submetemos para a publicação na Carta de Conjuntura da USCS, a ser lançada no início de 2023, tratamos da importância do aprofundamento das políticas para o fortalecimento da PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) tecnológica no Estado de São Paulo. Este é tema central para atores e instituições da economia do Estado. Mas também é de interesse da classe trabalhadora e dos segmentos de menor renda da população paulista. Aqui uma síntese da nota técnica.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Estado de São Paulo representou 31,2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020. Esta pujança é resultado histórico da capacidade do Estado em posicionarse no centro da dinâmica econômica nos diferentes momentos da história: entre o fim do século XIX e início do século XX com a economia cafeeira; de 1930 a 1980, com a indústria de transformação; e, de lá para cá, com a economia de serviços, com destaque para o setor financeiro, TI e comunicação. Mas, com a globalização e o conjunto de mudanças estruturais que vieram juntas, o Estado de SP vem perdendo peso na economia nacional.

Neste sentido, o Estado vive a necessidade de dar resposta a grandes desafios: revitalizar e modernizar seu parque industrial, combatendo a desindustrialização e incrementando a competitividade deste segmento; manter e ampliar um agronegócio já de peso; estar na fronteira tecnológica das atividades de serviços, especialmente os que envolvem elevados volumes de recursos e largas cadeias de negócios como são os casos da saúde, educação, finanças, marketing entre outros. E tudo isto conectado com os desafios da geração de empregos, inclusão social e combate à pobreza.

Uma solução que perpassa estes desafios econômicos do Estado reside na construção de um grande programa de articulação de atores e instituições da área da P,D&I, reunindo governos, setor produtivo, universidades, startups, laboratórios, centros de pesquisa, parques tecnológicos, sindicatos patronais e de trabalhadores entre outros.

A maior densidade e articulação das instituições que compõem o ecossistema de inovação no Estado permitirá que os desafios da indústria, do agronegócio e dos serviços possam ter respostas inovadoras advindas da área de P,D&I. Outro resultado dessa articulação, que deve ser posto até como meta, é a inclusão social, pois vários dos desafios sociais (habitação, alimentação, educação entre outros) podem ser objeto de soluções inovadoras sugeridas por estas instituições e empresas, sobretudo as startups. O Estado agrega mais de 2/3 dos investimentos em P, D&I no País; e aglutina ¼ das instituições de educação superior do Brasil, com várias universidades públicas e privadas de ponta, bem como diversas escolas técnicas. No Brasil, mais de 30% das startups encontram-se no Estado de São Paulo. Pesquisa da Fapesp/Seade mostrou a preponderância do Estado de São Paulo em termos de inovação.

O Sistema Paulista de CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação é composto por 64 instituições de pesquisa (40 públicas e 24 privadas sem fins lucrativos), 73 instituições do ensino superior (19 públicas e 54 privadas), além de 12.831 empresas com atividades internas de P&D (Pesquisa & Desenvolvimento). São dezenas de parques tecnológicos e institutos de pesquisa nas áreas das Ciências Agrárias, Ciências Biológicas, Ciências Exatas, Ciências Humanas, Ciências da Saúde, Ciências Sociais Aplicadas, Engenharias, entre outras.

Apesar da enorme infraestrutura na área de P,D&I do Estado de São Paulo, bem como da existência de um grande contingente de recursos humanos qualificados, ainda há muito a avançar no campo das políticas públicas e privadas do Estado. Existe, há décadas, uma quase completa desarticulação desta imensa infraestrutura e recursos humanos do Estado.

A articulação da P,D&I no Estado de São Paulo permitirá: incrementar a competitividade regional e, assim, interromper a queda de participação do Estado de São Paulo no PIB; atrair investimentos para o Estado de São Paulo; integrar os diversos setores da economia do Estado (indústria; educação; saúde; finanças; agronegócios; comércio; construção civil, entre outras); combinar as ações do Estado de São Paulo com as do governo do Presidente Lula na área da P,D&I, que certamente será uma das prioridades do Governo; gerar empregos de qualidade.

É nossa intenção contribuir para esta articulação de instituições, atores e parlamentares, especialmente por meio da constituição de uma frente, reunindo representantes dessas instituições, sociedade civil e órgãos públicos, para promover o debate referente às melhores políticas e ações públicas e privadas nesta área.

O conteúdo desta coluna foi elaborado por Ana Carolina Davanço, mestra em administração e economista, e Luiz Cláudio Marcolino, economista, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e deputado estadual eleito para a próxima legislatura.




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