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Empresas, universidades e gestão pública
Jefferson José da Conceição
07/10/2022 | 10:33
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Realizar um diagnóstico amplo e dar respostas aos desafios regionais é tarefa larga e complexa. Tratei deste tema em nota técnica da 23ª Carta de Conjuntura do Observatório Conjuscs.

Vamos aqui focar no que consideramos ser um dos ‘nós’ centrais para a retomada do desenvolvimento do Grande ABC: a questão da aproximação entre empresas, universidades e gestão pública. Neste contexto, ressalte-se o valor da ‘Inovação aberta’, na qual as universidades, as empresas, as startups, os governos e outros agentes ajudam a promover e compartilhar a inovação.

Um dos obstáculos a enfrentar e superar, no Grande ABC, é que a inovação e o desenvolvimento tecnológico se deram de forma verticalizada e muitas vezes de maneira fechada no interior da própria grande empresa multinacional. Dessa forma, desde a segunda metade do século XX, a aproximação entre as empresas, universidades e gestão pública não esteve à altura do porte da industrialização regional. Pode-se dizer que o sistema regional de inovação do Grande ABC é frágil, quando se considera a importância deste sistema para a competitividade de qualquer região nos dias de hoje.

Assim, de maneira tópica e ao modo de contribuições preliminares, sugerimos a seguir alguns elementos para a construção de políticas públicas e privadas visando a reindustrialização da região, por meio de aproximação entre a indústria, universidades e gestão pública, como indica o modelo de hélice tripla.

1. Reorganizar e fortalecer as instâncias regionais, como o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, por meio de novas formas de organização, integrantes, alterações nos estatutos, entre outros.

2. Instituir um Fórum Regional de Desenvolvimento, com a participação de gestores públicos, empresários, sindicatos de trabalhadores, universidades, entre outros.

3. Retomar os APLs (Arranjos Produtivos Locais), de forma a promover os diagnósticos, levantar os desafios e planejar as ações por cadeias produtivas.

4. Estimular, em cada uma das cadeias produtivas, políticas de reconversão industrial, no sentido da diversificação de linhas de produção, de forma a conectar a empresa com áreas estratégicas como indústria de defesa, cadeia produtiva da saúde, petróleo e gás, Tecnologia e Informação e comércio eletrônico.

5. Fortalecer o sistema regional de inovação, por meio de ações como:
5.1 Atualização do Inventário de Oferta e Demanda de Serviços Tecnológicos na Região.
5.2 Discussão e aprovação de legislação regional unificada de apoio à inovação.
5.3 Apoio aos espaços de inovação como Centros de Inovação, Hubs de Inovação e parques tecnológicos.
5.4. Realização de arenas abertas de inovação, no contexto da chamada inovação aberta, de forma que empresas, startups, universidades, gestores e mercado em geral apresentem seus desafios e soluções.
5.5 Política regional de atração de centros de pesquisa e laboratórios, especialmente em áreas como indústria automobilística, indústria de defesa, cadeia produtiva da saúde, petróleo e gás, Tecnologia e Informação e comércio eletrônico.
5.6 Divulgar e envolver pesquisadores, universidades e empresas a conhecerem e se cadastrarem no Portal do Pesquisador, que busca facilitar a aproximação entre os desafios das empresas e os projetos dos pesquisadores. A divulgação deste portal faz parte da parceria entre a Agência de Desenvolvimento, a Universitas (que detém a propriedade do portal), a USCS e outras universidades locais.
5.7 No âmbito do marco regulatório nacional das startups, estruturar um “sandbox” regional, que facilite que soluções promovidas pelas startups ajudem a resolver problemas de políticas das gestões públicas de apoio à industrial regional e local.
5.8
6. Elaborar e executar Programa Regional para a implementação e expansão da Indústria 4.0, especialmente, por meio da introdução do tema nas grades e nos programas educacionais; realização de parcerias com corporações como Google, IBM, Amazon, Facebook, visando promover o desenvolvimento de cursos, ementas e projetos de qualificação; execução de programas de qualificação de mão-de-obra em áreas como big data, segurança de informação, impressão 3D, desenvolvimento de software.

A crise da indústria do Grande ABC é grave, mas seu destino não está dado. É possível mudar o curso e dar início a reindustrialização regional, propiciando à indústria local uma fase promissora em empreendedorismo, inovação, mercados, investimentos e empregos. Mas, para isto, é fundamental planejamento, cooperação e aproximação entre empresas, universidades e gestões públicas. 




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