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Indústria da robótica
Rafael Rubim de Castro Souza
Renan Rubim de Castro Souza
09/09/2022 | 12:17
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Na 22ª Carta de Conjuntura da uscs, publicamos nota técnica tratando do cenário e perspectivas da indústria da robótica. O acesso à íntegra da nota pode se dar em htps:/ww.uscs.edu.br/noticias/cartasconjuscs. Aqui, trataremos especificamente do caso brasileiro.

A indústria do Brasil está atrasada em relação à robotização e à tecnologia de automação. Segundo estudo da IFR (International Federation of Robotics), em 2019, a densidade mundial de robôs na indústria de manufatura foi de 113 para cada 10 mil empregados da indústria. Os países com melhores resultados de densidade, segundo este relatório são: Singapura (918 robôs instalados por 10 mil trabalhadores), Coreia (855), Japão (364), Alemanha (346) e Suécia (277). No Brasil, figuramos com a média de apenas 12 a 13 robôs para cada 10 mil trabalhadores.

Os EUA são o maior usuário de robôs industriais, atingindo um estoque operacional em torno de 293.200 unidades. O México figura em segundo lugar com 40.300 unidades, seguido pelo Canadá com cerca de 28.600 robôs.

As novas instalações de unidades de robôs nos EUA caíram 17% em 2019 se comparado com 2018, ano recorde. A grande maioria das unidades dos EUA é importada da Europa e do Japão. Mesmo que não existam muitos fabricantes de robôs na América do Norte, existem diversos integradores de sistemas de robôs. O México configura com o segundo lugar na América do Norte, com aproximadamente 4.600.

O Brasil ocupa o estoque operacional número um da América do Sul, com cerca 15,3 mil unidades de robôs. As vendas reduziram 17% de 2020 em relação a 2019, com cerca de 1.800 instalações, apesar deste cenário, um dos melhores resultados, quando comparado com remessa recorde em 2018.

O mercado de robôs tem muito a ser explorado no Brasil, mesmo que o país conte com apenas cerca de 15,3 mil unidades em operação segundo a IFR. Dos tipos de tecnologia robótica disponíveis no mundo, os cobots tem se evidenciado como a tecnologia do futuro da automação. Dos 373 mil novos robôs instalados no mundo em 2019, 4,8% foram instalados em processos colaborativos. Apesar de este representar um pequeno percentual, a compra dessa tecnologia cresceu 11% em 2019 em relação ao ano anterior. O relatório "O Futuro do Emprego", disponibilizado pelo Fórum Econômico Mundial no final de 2020, demonstra que, até 2025, serão gerados 10 milhões de novos postos de trabalho em todo mundo, em virtude da nova categoria envolvendo máquinas, humanos e algoritmos.

Entre os desafios da implementação da robótica no Brasil estão, entre outros: retorno de investimento a médio e longo prazo, dificuldade de instalação dos robôs, conhecimento dos profissionais, entre outros. No Brasil, o tema referente ao retorno sobre investimento foca normalmente apenas no custo da mão de obra das tarefas que serão automatizadas, esquecendo-se do ganho com essa tecnologia. Estudos na Espanha e EUA evidenciam que as companhias que investem em robótica possuem maior crescimento a médio e longo prazo, provando que existem outros benefícios indiretos com a robotização.

Comparado a outros equipamentos de automação, os cobots possuem diversas vantagens com fácil instalação e programação intuitiva. Com isto, o TCO (Total Cost Ownership) de um cobot se torna inferior ao de um robô convencional, ou outro equipamento de automação, consumindo menos horas de engenharia devido sua arquitetura. Devido a este conceito, os cobots são produtos cada vez mais essenciais na automação das fábricas de todo o mundo, permitindo a criação de um negócio sustentável e mais competitivo, além de proporcionar uma produção mais ágil e agregando valor aos processos industriais, permitindo adquirir excelentes resultados a longo prazo.

Um fator importante a se considerar neste cenário é o baixo conhecimento em robótica e automação de grupos de engenharia nas diversas empresas brasileiras. Com poucos profissionais qualificados para analisar condições, sugerir soluções e até mesmo avaliar os fornecedores nesta área. Com esta característica de profissionais, fica difícil evidenciar o custo x benefício a longo prazo para as empresas.

O conteúdo desta coluna foi elaborado por Rafael Rubim de Castro Souza e Renan Rubim de Castro Souza. Rafael é mestrando em Políticas Públicas pela UFABC, atua como especialista em projetos de investimento na InvestSP. Renan é especialista em MBA em marketing e gestão de clientes pela USCS, e atua como especialista de robótica industrial e colaborativa na OMRON Brasil.




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