A conclusão do inquérito, instaurado em 24 de abril pelo delegado José Alberto Lage, titular da 15ª DP (Gávea), foi anunciada nesta sexta-feira (24). A investigação responsabiliza sete funcionários da Fundação Instituto de Geotécnica (Geo Rio), órgão da Secretaria Municipal de Obras responsável pela fiscalização da obra; seis funcionários do Consórcio Concremat/Concrejato, que realizou a obra; e um técnico da Subsecretaria Municipal de Defesa Civil, indiciado devido à falta de um plano para interdição da ciclovia em caso de ressaca marítima. Morreram no acidente Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos, e Ronaldo Severino da Silva, de 60 anos, ambos vítimas de traumatismo do tórax e asfixia por afogamento.
Durante o inquérito a Polícia Civil ouviu 27 pessoas, entre testemunhas, usuários da ciclovia e responsáveis pela obra. Engenheiros envolvidos na construção reconheceram que o projeto da ciclovia deveria conter um estudo prévio do regime das marés e que havia necessidade de um plano de contingência que previsse a instabilidade das marés. Constatou-se que não foi prevista a incidência de ondas nos tabuleiros da ciclovia nem houve qualquer estudo sobre os efeitos da ressaca marítima. Sem cogitar esse problema, os tabuleiros foram fixados de forma inadequada. A polícia colheu relatos de moradores da região que narraram a ocorrência de ondas gigantescas e ressacas marítimas tão violentas que fazem tremer casas.
As provas analisadas indicam problemas nos projetos básico, executor e fiscalizador. A negligência dos indiciados, segundo a Polícia Civil, caracterizou-se porque eles não previram algo que deveriam ter previsto: que ondas pudessem produzir jatos e atingir o tabuleiro da ciclovia. "Se o projeto fosse executado levando em consideração a previsibilidade de ondas dessa magnitude, a morte de duas pessoas não teria ocorrido", afirma a polícia.
Os sete indiciados que trabalham na Geo Rio são Fábio Lessa Ribeiro, Juliano de Lima, Geraldo Batista Filho, Marcus Bergman, todos membros da Diretoria de Estudos e Projetos, da Comissão de Fiscalização; o geólogo Élcio Romão Ribeiro, Ernesto Ribeiro Mejido e Fabio Soares Lima. Os seis indiciados do consórcio Contemat/Concrejato são Ioannis Saniveros Neto, Marcelo José Ferreira de Carvalho, Jorge Alberto Schnneider, Fabrício Rocha Souza, Nei Araújo Lima (projetista terceirizado pelo consórcio) e Claudio Gomes Castilho Ribeiro (responsável técnico). O último indiciado é Luís André Moreira Alves, coordenador técnico da Subsecretaria Municipal de Defesa Civil.
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