"A presidente já não governa mais. Quem está governando são os acólitos (ajudantes, acompanhantes) que estão do lado dela", disse Bicudo.
O jurista, no entanto, poupa o vice-presidente, Michel Temer (PMDB).
"O vice-presidente não tem tido uma atuação política que justifique seu afastamento", argumentou.
Segundo ele, a ideia de fazer o pedido de impeachment surgiu depois de conversas com representantes de movimentos que chamaram as manifestações de rua contra a presidente.
"A ideia foi evoluindo a partir das manifestações de rua onde se pede o afastamento da presidente. Para que as manifestações tivessem fundo só seria possível com um pedido formal de afastamento", afirmou o jurista.
Bicudo deixou o PT em 2005 ao lado de deputados que viriam a fundar o PSOL e do ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio (1930-2014) no auge do escândalo do mensalão. Desde então se transformou em uma voz crítica à legenda que ajudou a fundar. Em 2010, quando Dilma foi eleita, ele anunciou publicamente apoio à candidatura do tucano José Serra à Presidência. Segundo Bicudo, o motivo da saída do PT é o afastamento do partido de seus objetivos originais.
"O PT foi criado para ser uma ferramenta absolutamente democrática, mas hoje o partido está dominado pelo caciquismo", disse ele.
Bicudo negou ter sido procurado por políticos antes ou depois do pedido de impeachment e disse achar naturais as divergências de seus filhos que, em entrevistas à Folha de S. Paulo, discordaram da iniciativa do pai.
"Meus filhos foram criados em um sistema democrático. Não quero atrelá-los àquilo que eu penso", afirmou. Segundo ele, Dilma agiu com dolo (intenção) na questão das chamadas pedaladas fiscais e isso fundamenta juridicamente o pedido.
"Dilma não tem apenas culpa no que aconteceu. Ela atuou diretamente para que aquilo acontecesse. Na campanha pela reeleição ela disse que faria isso e aquilo e fez exatamente o contrário", disse Bicudo.
Questionado sobre a permanência do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado pelo Procuradoria Geral da República de participação no esquema de desvios da Petrobras, na presidência da Câmara, Bicudo se esquivou.
"Isso é um problema interno da Câmara. Ele foi eleito pela maioria dos deputados. Não quero me imiscuir nos problemas deles", disse o jurista.
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