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Ex-assessores apontam 'fluxo de políticos e empresários' no escritório de Youssef
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06/05/2015 | 21:11
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Dois ex-auxiliares de Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato, disseram em depoimentos nesta quarta-feira, 6, à Justiça Federal no Paraná, que viram políticos e empresários no escritório do doleiro, em São Paulo. Segundo o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, ex-braço direito de Youssef, os ex-deputados Pedro Corrêa, Aline Corrêa e João Pizzolatti, todos do PP, estiveram no escritório do doleiro. Enivaldo Quadrado, que diz ter sido "auxiliar de escritório" de Youssef, afirmou ter visto no mesmo local Pedro Corrêa, Pizzolatti e também o ex-ministro de Cidades Mário Negromonte (governo Dilma Rousseff), entre 2011 e 2012.

"Cheguei a vê-los com uma certa frequência no escritório do Alberto na (avenida) São Gabriel (em São Paulo). Na GFD (outra empresa de fachada do doleiro), poucas vezes", afirmou Carlos Alberto da Costa. "O que me foi dito lá é que eles iam para receber dinheiro."

Youssef manteve dois escritórios em São Paulo até 2013. Em um deles, no bairro dos Jardins, ficava a GFD Investimentos, empresa que emitia notas fiscais para contratos supostamente frios com grandes empreiteiras do País, para ocultar propina paga no esquema da Petrobrás. Na avenida São Gabriel, no bairro do Itaim Bibi, ficava outro escritório, onde o doleiro dava expediente e recebia políticos e empreiteiros.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirma que o ex-deputado Pedro Corrêa (PE), condenado no Mensalão, recebeu R$ 5,3 milhões do esquema de corrupção instalado na Petrobras e desbaratado pela Operação Lava Jato, para sua campanha eleitoral de 2010. Corrêa também foi citado por Youssef como um dos líderes do PP que recebia repasses de R$ 250 mil a R$ 500 mil.

Aline Corrêa (PE) é filha de Pedro Corrêa. O doleiro afirma que a ex-deputada recebia de R$ 30 mil a R$ 150 mil por mês da cota do PP, do esquema de propinas.

Pizzolati, ex-deputado por Santa Catarina, foi apontado pelo doleiro como um dos líderes do PP que recebia repasses mensais que variavam de R$ 250 mil a R$ 500 mil em sua casa em Brasília ou em seu apartamento em Balneário Camboriú (SC). Youssef disse ainda ter repassado ao ex-deputado R$ 5,5 milhões para sua campanha em 2010.

Quando seu nome foi citado pela primeira vez, Aline Corrêa negou envolvimento no esquema. Pedro Corrêa e Pizzolati também negam participação.

Enivaldo Quadrado, condenado a uma pena de 5 anos e 9 meses de prisão no processo do mensalão e denunciado pela prática de 33 operações de lavagem de dinheiro no esquema Lava Jato, também depôs à Justiça Federal nesta quarta, 6, e confirmou que trabalhou para o doleiro Youssef na GFD Investimentos, entre 2010 e 2014. Ele disse que presenciou visitas dos ex-deputados Pedro Corrêa e João Pizzolati, ambos do PP ao escritório de Youssef. Também viu por lá o ex-ministro do governo Dilma Rousseff (PT) Mário Negromonte (Cidades).

"Eu via as reuniões com pessoas importantes, os empresários, políticos, muita gente entrando e saindo", disse Quadrado. O juiz Sérgio Moro, que conduz a Lava Jato, indagou: "Que políticos o sr. via lá?". "Ah, o deputado Pizzolati, o seu Pedro Corrêa, o seu Mário Negromonte algumas vezes", respondeu o ex-assessor de Youssef.

O juiz perguntou o que esses políticos iam fazer no escritório do doleiro. "Isso eu não sei, excelência. As reuniões eram a portas fechadas. Minha função era essa de auxiliar de escritório. Eu estava mais focado nas operações de Bolsa. Depois do processo do mensalão eu fiquei completamente perdido."

"O fluxo de empresários era o dia inteiro e eu via bastante fluxo de dinheiro em espécie na GFD", declarou Enivaldo Quadrado. O juiz perguntou a Quadrado se ele conheceu o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. "Por algumas vezes eu o via lá. Eu tinha acompanhado pela imprensa que ele já tinha saído da Petrobras, eu não sabia qual a relação dele (com o doleiro)."

O ex-ministro de Cidades também nega ligações com o doleiro da Lava Jato.




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