Economia Titulo Avião-caça
Saab prevê mercado de US$ 45 bi

Fabricante do Gripen projeta venda de até 450
supersônicos; SBTA espera faturar US$ 40 mi

Soraia Abreu Pedrozo
Enviada a Estocolmo e Linköping (Suécia)
16/11/2014 | 07:07
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Divulgação


A Saab, fabricante sueca do avião-caça Gripen NG, que substituirá a frota de 36 aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) entre 2019 e 2024, prevê mercado de US$ 45 bilhões para o supersônico nos próximos 20 anos.
Até 2034, a Saab estima que sejam demandados 5.000 aviões-caça em todo o mundo. Desses, a empresa acredita ter condições de disputar 3.000. “A partir da parceria com a Embraer no Brasil esperamos atender entre 10% e 15% desse montante, ou seja, de 300 a 450 aeronaves”, disse o vice-presidente de parcerias industriais da Saab Aeronáutica, Jan Germundsson. “Considerando que cada caça custe US$ 100 milhões, temos mercado de US$ 30 a US$ 45 bilhões.”

A Embraer, principal parceira da Saab na produção do Gripen NG, e que será responsável pela montagem final do supersônico, conforme destacou Ulf Nilsson, chefe do Gripen na Área Comercial de Aeronáutica da Saab, terá papel fundamental para alavancar oportunidades de negócio na América Latina, a exemplo de países como a Argentina, que já demonstrou interesse no caça.

Germundsson ressaltou que a SBTA (São Bernardo Tecnologias Aeronáuticas), parceria da Saab (40%) e do Grupo InbraFiltro (60%), de Mauá, na qual a fabricante sueca vai aportar US$ 150 milhões, também terá papel fundamental nesse processo, já que a intenção é que a companhia se transforme em produtora global, capaz de fornecer para qualquer empresa dos segmentos de defesa e civil.


A parcela que poderá ser abocanhada pela empresa são-bernardense, que começará a ser construída no ano que vem e deverá iniciar as operações em 2017, será exatamente o faturamento projetado para a companhia, que, conforme o Diário publicou, poderá alcançar entre US$ 40 milhões e US$ 60 milhões em prazo de cinco a sete anos.

Segundo o presidente do Grupo InbraFiltro, Jairo Cândido, a expectativa é que a SBTA fabrique em torno de 70% das aeroestruturas, o que inclui as asas e partes traseira e dianteira da fuselagem. “Vamos produzir estruturas para 96 aeronaves, sendo 36 para a FAB e 60 para atender a Força Aérea Sueca”, conta. “Em torno de 80% do nosso faturamento será proveniente do Gripen.”

O restante virá de novos negócios de que a SBTA poderá participar, como fornecer até para concorrentes da Saab, a exemplo da norte-americana Boeing e da europeia Airbus. Hoje, inclusive, a fabricante sueca desenvolve e produz compósitos (itens compostos por dois ou mais tipos de materiais) avançados e peças metálicas para o Boeing B787, incluindo portas de acesso, portas de grandes cargas e portas de carga a granel. E a Inbra tem experiência na fabricação de portas blindadas para aeronaves da Embraer.

Como a são-bernardense será uma tier one, que quer dizer administradora de cadeia de suprimentos de primeira linha, já existe uma prévia de possíveis fornecedores, mas Cândido justificou que, como nada foi assinado ainda, não pode revelar os nomes. “Estamos trabalhando nisso. Já fizemos a catalogação de potenciais parceiros e, na região, devemos ter entre oito e dez fornecedores, principalmente do setor de metalurgia e peças usinadas. Queremos incorporar ao máximo empresas do Grande ABC nesse processo.”

O executivo disse que haverá demanda por empresas de gabaritos de montagem (que auxiliam o processamento de produtos), tipo do item em que as sete cidades têm bastante know-how. Serão demandados também fabricantes de placas de alumínio aeronáutico e titânio, que compõem a fuselagem de aviões. Os fornecedores serão certificados pela SBTA.


Cerca de 25% da receita da empresa sueca provêm do caça


A Saab faturou no ano passado 23,7 bilhões de coroas suecas, o que, convertendo em dólares, equivale a US$ 3,2 bilhões. Dessa receita, 25% provêm da venda do Gripen, o correspondente a US$ 800 milhões – quase a totalidade do que gera a divisão de aviação da companhia, US$ 930 milhões. Os dados foram informados pelo chefe do Gripen na Área Comercial de Aeronáutica da Saab, Ulf Nilsson.


O executivo conta que o percentual se mantém praticamente o mesmo quando o assunto é a quantidade de profissionais necessária para a produção do supersônico. Dos atuais 14,8 mil empregados, 3.500 mil trabalham com o Gripen (23,6% do total).

Criado 30 anos atrás, o Gripen, que está em operação há 15 anos, foi projetado durante a Guerra Fria, pelo fato de a Suécia se sentir ameaçada pelos países signatários do Pacto de Varsóvia (Leste Europeu e Rússia). O objetivo era construir aeronave capaz de sobreviver em combate, com equipamentos de guerra eletrônica (que permite voos silenciosos, sem que o inimigo perceba) integrados, que garantem táticas inteligentes. O nome Gripen, que em português quer dizer grifo, é inspirado em animal da mitologia grega com corpo de leão e cabeça e asas de águia que botava ovos de ouro.

A quinta e mais recente versão do caça, a NG (New Generation), teve seu protótipo, o Demonstrator, desenvolvido em 2006. Um dos diferenciais, destacou Nilsson, são o gastos com as operações de manutenção e produção. “O NG quebrou a curva de custos. É uma aeronave fácil de operar e reparar, mesmo em áreas externas, por recrutas e com poucos recursos”, disse. O supersônico pode, inclusive, pousar em rodovias e estradas de terra – e não só em bases aéreas ou aeroportos –, ser reabastecido e, em dez minutos, decolar novamente.

O Brasil será o primeiro país a ter em sua frota a nova geração da aeronave, que será customizado às necessidades da Força Aérea Brasileira.

Investimentos para o próximos 30 anos chegam a US$ 9 bilhões

O presidente e CEO da Saab, Hakan Buskhe, revelou em encontro com jornalistas em Estocolmo, capital da Suécia, que nos próximos 30 anos serão demandados investimentos de US$ 9 bilhões para financiar a produção do Gripen NG. Esse valor inclui gastos, inclusive, com folha de pagamento e manutenção de aeronaves e hangares.

Quanto à produção, realizada em parceria com o Brasil, que receberá a transferência de tecnologia e fabricará 36 aeronaves para o País e 60 para a Suécia, Buskhe disse que está muito satisfeito por trabalhar em parceria com o País, que desembolsará US$ 5,4 bilhões para adquirir os supersônicos – serão 28 monopostos e oito de dois lugares. “O Brasil tem muita força, e o principal ator para criar mercado para o Gripen NG é a Embraer (que fará a montagem final da aeronave)”, assinalou.

Os aviões-caças serão testados pela Saab, na fábrica do Gripen na Suécia, em Linköping, sul do país, e no Brasil, pela Embraer, situada em São José dos Campos, Interior de São Paulo, informou o chefe dos pilotos de teste da Saab, Richard Ljungberg.

PESQUISA - Em 2013, 28% do faturamento da Saab foi investido em pesquisa e desenvolvimento, destacou o chefe do Gripen na Área Comercial de Aeronáutica da Saab, Ulf Nilsson. “Em outras companhias, a média é de 10% a 15%”, compara.

A jornalista viajou a convite da Saab




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