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A força do design em Milão

Nomes fortes como Armani, Versace e Gucci fizeram da capital da Lombardia um polo de elegância

Por Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
23/10/2014 | 07:00
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Esqueça a Itália de Fellini, com lindas louras dançando em fontes para apimentar la Dolce Vita. Milão é para os racionais. Fria, esnobe e disciplinada, a personalidade da capital lombarda é bem diferente do estilo solar e expansivo de Roma ou sensível e artístico de Florença. Mas é lá que o dinheiro da Itália aparece nas mais altas concentrações.

Na verdade, a cidade gira em torno de finanças, design e moda (não necessariamente nesta ordem), o que torna os milaneses bastante voláteis no que se refere à moda. Nas ruas dos bairros mais chiques, nos bons restaurantes e até nos prédios de escritórios, o que se vê é multidão vestida com o que foi apresentado nas passarelas para a estação.

Como a intensidade na adoção das novidades é grande, as febres esfriam rapidamente o que leva as roupas para as araras de descontos – espetacular para os visitantes estrangeiros que, em geral, são bem menos severos quanto à obsolescência das tendências. Por isso, quando em Milão, pense na possibilidade de investir algum tempo para buscar descontos em roupas que certamente só chegarão por aqui seis meses ou mesmo um ano depois.

Enquanto em Paris, Londres ou Madri as áreas de compras são mais espalhadas, Milão é pragmática: tudo está no famoso Quadrilatero d’Oro formado pelas ruas Via Montenapoleone (La Perla, Louis Vuitton; Bottega Veneta, Gucci, Prada,Gianni Versace, Valentino, Alberta Ferretti e Christian Dior tem suas lojas lá), Via Sant’Andrea(Missoni, Kenzo, Giorgio Armani, Chanel, Moschino, Gianni Versace, no. Miu Miu, Hermès), Via Manzoni (Armani Superstore) e Via della Spiga (lojas de acessórios de Prada, Armani e Dolce & Gabbana e a loja de Roberto Cavalli). Depois de percorrer as ruas, pare para descansar um pouco.

Outra área que chama a atenção é a Galleria Vittorio Emanuele II. Aberta em 1867 é considerada um dos mais antigos shopping centers do mundo e seu surgimento se explica pelo clima temperamental (chuvoso e muitas vezes cinza) de Milão. Mas, sob o teto de metal e vidro o ambiente muda. Torna-se elegante, confortável e aconchegante. Ou seja, ideal para olhar as vitrines, examinar os preços, observar o que as pessoas estão vestindo. Os fashionistas não podem perder a oportunidade de visitar a primeira loja da Prada, aberta ali em 1913 – sim, há 101 anos! – ainda antes da Gucci abrir suas portas.

Outras ruas muito frequentadas por quem não resiste ao poder do cartão de crédito são corso Buenos Aires, via Torino e corso Vittorio Emanuele, que são bastante elegantes, mas menos grandiloquentes do que as ruas que formam o tal quadrilátero de ouro. Mas, nem só das grandes marcas tradicionais de luxo vive o milanês. Como desde os anos 1950 a cidade se tornou o epicentro do festejado design italiano, muito jovens estilistas começaram a criar suas próprias histórias.

As lojas mais descoladas e alternativas estão na região da corso di Porta Ticinese ou na área de Brera, que é um bairro universitário, com apartamentos antigos, bares animados, restaurantes com comida autoral – enfim, é uma espécie de Vila Madalena milanesa, com direito a fama de boêmio. Justamente por isso, os designers que estão por lá têm uma personalidade mais interessante e inventiva do que os que escolhem trabalhar para as grandes marcas.

Depois de visitar todos esses pontos de peregrinação, o amante da moda pode se dar ao luxo de virar consumidor. A boa notícia é que a cidade oferece algumas alternativas. Mas é preciso ficar atento. Justamente porque o milanês despreza as coisas que estão fora de moda, há um imenso mercado ocupado em desovar o que não foi comprado na primeira onda.

Há várias lojas que vendem pontas de estoque ou roupas usadas em desfiles (mas isso só funciona para os bem magros). Os brechós e lojas de roupas vintage também são boas alternativas, porque oferecem roupas de designers famosos, de alta qualidade e em excelente estado (algumas peças ainda estão com as etiquetas). Essas roupas podem ter descontos entre 50% e 70%, mas é preciso lembrar que os preços originais não são baixos. Boa parte está localizada nas cercanias do corso Vittorio Emanuele II. Para não ficar ao sabor da sorte, a dica é olhar no Scoprioccasioni, livreto vendido em bancas de jornais, que agora tem versão eletrônica (www.outletadvisor.com). Entre as pontas de estoque mais famosas está o Il Salvagente (Via Fratelli Bronzetti, 16) que tem as filiais para crianças Salvagente Bimbi (Via Balzaretti 28), Dmagazine Outlet (Via Manzoni, 44), Basement (Via Tortona, 27) e 10 Corso Como Outlet.

HORÁRIO
Um dos truques para fazer compras na Itália é planejar a visita às lojas de acordo com o horário do comércio por lá. Tradicionalmente, o comércio só funciona meio período às segundas-feiras, das 15h30 às 19h30. De segunda a sábado, as portas ficam abertas das 9h30 às 12h30 e das 15h30 às 19h30. É bom planejar direitinho, porque não dá para dar só uma corridinha nas lojas na hora do almoço. Outra questão cultural: a época de liquidação é sempre em janeiro e julho, em período determinado pelo governo italiano.




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